Texto: Pollyana Cuel

Neste feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é preciso falar sobre a luta e a história do movimento negro no Espírito Santo. O CRT-ES estará fechado neste dia 20 de novembro e retornará as atividades normalmente no dia 21. 

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, e simboliza a resistência à escravidão e a luta pela liberdade dos negros. A data também é uma oportunidade para refletir sobre a contribuição da população negra na formação da sociedade brasileira e para reforçar a importância da equidade racial.

História de Zumbi de Palmares

Figuras históricas e de resistência do Espírito Santo

No Espírito Santo, diversas figuras históricas e culturais desempenharam papéis fundamentais na luta contra a escravidão e na construção da identidade afro-brasileira.

Chico Prego: Chico Prego foi um líder escravizado que liderou a Revolta de Queimado, um dos maiores movimentos contra a escravidão no Espírito Santo. Em 19 de março de 1849, mais de 300 escravizados de São José do Queimado se rebelaram após não receberem a liberdade prometida pelo frei Gregório José Maria de Bene. A revolta foi comandada por Chico Prego e outros líderes como João da Viúva e Elisiário. A insurreição foi tão intensa que forças do Rio de Janeiro tiveram que intervir para contê-la.

Após a repressão, cinco rebeldes foram condenados à morte. Elisiário escapou para as matas e nunca foi recapturado, enquanto Chico Prego foi capturado e enforcado em 11 de janeiro de 1850. O movimento ficou conhecido como a Insurreição do Queimado, e o sítio histórico do Queimado, localizado a 25 km de Vitória, marca o local da revolta. O nome de Chico Prego também é lembrado na Lei de Incentivo Cultural do município.

Benedito Meia Lega: líder quilombola, se destacou pela sua inteligência estratégica na luta pela liberdade no Espírito Santo, tornando-se uma figura central na resistência negra. Benedito Caravelas, também conhecido como Benedito Meia Légua, nasceu em 1805 no Espírito Santo. Líder quilombola, dedicou-se a libertar escravizados, invadindo fazendas e organizando fugas. Foi capturado, espancado até ser dado como morto, mas misteriosamente desapareceu, tornando-se uma figura quase mítica. A expressão “Mas será o Benedito?” surgiu nessa época. Ele morreu idoso, traído, queimado enquanto dormia após seu esconderijo ser denunciado.

Zacimba Gaba: Zacimba foi uma princesa da nação Cabinda, capturada pelos portugueses e trazida escravizada ao Brasil em 1690, desembarcando em São Mateus, no Espírito Santo. Lá, sofreu abusos nas mãos do proprietário da Fazenda José Trancoso. Em resposta, envenenou-o com um “pó de amansar sinhô” e fugiu, fundando um quilombo às margens do Riacho Doce. Ela também organizava ataques ao porto local, libertando outros escravizados recém-chegados.

Clara Maria Rosário dos Pretos: Após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibia o tráfico de escravizados, surgem movimentos abolicionistas no Brasil. No Vale do Cricaré, entre São Mateus e Conceição da Barra, destaca-se Clara Maria Rosário dos Pretos, uma jovem negra escravizada que, ao aprender a ler e escrever com as filhas de seus senhores, se torna crítica da sua realidade e atenta às conversas dos senhores.

Clara se junta a um grupo de abolicionistas formado por filhos de fazendeiros, estudantes e intelectuais, tornando-se um elo entre os negros em quilombos e os abolicionistas. Ela desempenha um papel fundamental nas lutas e estratégias de resistência, incluindo a tática de queimar plantações, prejudicando financeiramente os senhores, o ponto vulnerável de sua classe.

 

 

O Dia de Zumbi e da Consciência Negra é uma data para lembrar e reconhecer a importância das figuras e movimentos negros no Espírito Santo e no Brasil. Celebrar essa data é reforçar o compromisso com equidade racial e o respeito pela diversidade, destacando a importância da cultura afro-brasileira e a continuidade da luta por justiça e liberdade.